Flagra de Lídia Brondi, em 2014, em frente ao seu consultório. Ao lado, a atriz em “Dancin’ Days”.
A nova edição da revista “IstoÉ” (nº 2305, de 24/01/2014) destaca, em sua capa, a manchete “A vida reclusa das estrelas Ana Paula Arósio e Lídia Brondi“. Assinada por Rodrigo Cardoso e Camila Brandalise, a reportagem revela um pouco do cotidiano de Lídia Brondi como psicóloga, citando a sua dedicação na nova carreira.
O texto começa com uma declaração de Lídia, que foi surpreendida pela reportagem na saída de seu trabalho, na zona sul de São Paulo. Pelo texto, é possível perceber que Lídia foi delicada com a jornalista e deixa claro que não pretende voltar. Ela também justifica por qual motivo prefere se manter afastada.
A revista está nas bancas e no site da “IstoÉ“. Para ler na íntegra a matéria, clique aqui. Abaixo, destaco trechos da reportagem em que Lídia Brondi foi citada.
Síndrome de Greta Garbo – Como vivem Ana Paula Arósio e Lídia Brondi, as estrelas que abandonaram a carreira artística no auge da fama e optaram por uma rotina de reclusão
Sei que é inevitável falarem de mim, tanto por causa da minha carreira na televisão quanto por ser casada com um ator, mas essa exposição compromete o meu trabalho como psicóloga. É ruim para mim, um assunto que ficou para trás.
Foi em frente ao seu consultório, na zona sul de São Paulo, que a ex-atriz Lídia Brondi reforçou a sua posição a favor do anonimato para a ISTOÉ. Aos 53 anos, casada há 23 com o ator Cássio Gabus Mendes, Lídia preserva o mesmo sorriso de três décadas atrás, quando figurava no seleto grupo das maiores e mais belas estrelas da televisão brasileira.
As suas ligações com o passado param por aí. Em 1990 [na verdade, foi em 1992], aos 30 anos, ela colocou um ponto final na carreira marcada por sucessos como “Dancin’ Days” (1978), “Roque Santeiro” (1985) e “Vale Tudo” (1988), só para citar três novelas da Rede Globo. Saiu de cena no auge, quando seu rosto estampava a capa de inúmeras revistas – masculinas, inclusive –, para o espanto da classe artística e do público que a enxergava como uma espécie de nova namoradinha do Brasil. Sua última novela foi “Meu Bem, Meu Mal” (1990).
“As pessoas ainda me procuram para falar sobre o meu trabalho na televisão e têm curiosidade sobre a minha vida, mas já faz 20 anos. Isso me surpreende”, diz Lídia. A ex-atriz e, hoje, psicóloga viveu o que no meio artístico passou a ser conhecido como síndrome de Greta Garbo, em referência à artista sueca que trocou o status de estrela de Hollywood dos anos 1920 e 1930 para viver reclusa em sua terra natal.
Lídia, porém, não é a única brasileira nesse panteão das deusas reclusas. Em 2010, aos 35 anos, a atriz Ana Paula Arósio surpreendeu ao pedir demissão da Globo, após conquistar, em 11 anos de casa, prêmios, fama e idolatria por meio de trabalhos como “Hilda Furacão” (1998) e “Terra Nostra” (1999).
“Há uma fantasia que habita a cabeça dos famosos. Muitos, em algum momento, pensam: ‘Uma hora eu desapareço’”, diz o psicanalista Jacob Pinheiro Goldberg, autor do livro “Sentido e Existência”, que trata da relação do ser humano com a sua imagem. Psiquiatra e psicanalista carioca, Luiz Alberto Py argumenta que não é tão raro pessoas nessas condições não desejarem mais ser quem eram. “Ainda mais quem começou em um caminho muito cedo e não teve uma escolha própria amadurecida sobre o que fazer na vida”, afirma.
Lídia Brondi e Ana Paula Arósio iniciaram precocemente no meio artístico, aos 14 e 12 anos, respectivamente. Tiveram de encarar pressões e responsabilidades para as quais muitos não estão preparados nem deveriam ser expostos nessa idade. Mais tarde, com maior discernimento e donas do próprio nariz, tornaram-se sensíveis às agruras da exposição e decidiram sair da vitrine, como se isso fosse possível.
Há vários apelos para que elas voltem. Em novembro, por exemplo, o diretor de núcleo Wolf Maya rasgou elogios a Ana Paula e afirmou: “Faço aqui um apelo público, nós não podemos perder Ana Paula Arósio.” E fãs de Lídia Brondi criaram blogs para cultuar momentos marcantes da carreira da estrela.
Capa da “IstoÉ” que destaca a matéria sobre Lídia Brondi e Ana Paula Arósio.
Quando Lídia Brondi decidiu abandonar a vida artística, rumores davam conta de que uma síndrome do pânico teria sido o motivo, fato negado pela atriz. “A maioria dos famosos, em um determinado momento, tem pelo menos alguns sintomas de síndrome do pânico, mas claro que não divulgam publicamente”, diz Goldberg.
Pai de Lídia, o pastor Jonas Rezende conta que tentou dissuadir a filha de desistir de seu contrato com a Globo, argumentando a importância do trabalho dela. “Eu disse que tevê é um veículo de entretenimento e diverte milhões de pessoas. Mas ela tinha tomado uma decisão que vinha sendo amadurecida havia algum tempo. Era uma fase de sua vida que se esgotou”, afirma Rezende.
Dez anos depois de deixar a tevê, aproximadamente, Lídia foi aprovada na faculdade de psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo. Graduada, hoje ela intercala atendimentos em seu consultório e em um ambulatório da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Seu nome consta da equipe do Programa de Atendimento e Pesquisa em Violência (Prove).
A psicóloga vai a pé de um local a outro sem receio de ser reconhecida, o que, segundo ela, acontece com mais frequência do que ela imaginaria. Dedicada, chega a cancelar viagens para não deixar de atender seus pacientes. Começa cedo no consultório e, dependendo da agenda, encerra o expediente por volta das 21 horas. A ex-atriz, mãe de Isadora, 28 anos, da união de cinco anos com o diretor da Globo Ricardo Waddington, não cogita retornar à antiga profissão.